O que é alergia ao pólen?
O pólen é produzido pelas flores das plantas e encontra-se no ar nas épocas de floração. O que ocorre sobretudo com os tipos de plantas (anemófilas) que o libertam no ar em grandes quantidades. Geralmente são flores pouco vistosas que não são polinizadas por insetos. A alergia ao pólen é determinada pelos tipos e abundância das plantas que crescem em cada zona, bem como pelas caraterísticas do pólen. O pólen ao ser de dimensões microscópicas e transportado no ar que respiramos causam, nos doentes alérgicos, sintomas nas vias respiratórias e também nos olhos. Por isso, as manifestações clínicas costumam ocorrer essencialmente nos olhos e nariz (rinoconjuntivite), embora também possa aparecer asma numa percentagem variável de doentes. As principais plantas alergénicas são as gramíneas, determinados arbustos/ ervas daninhas e determinadas árvores.
O que são as gramíneas?
As gramíneas são plantas silvestres ou cultivadas (cereais) de uma família botânica (Poacea). O seu pólen é um dos mais alergénicos e com o qual foi feita a descrição da rinite alérgica. Polinizam nos meses de maio e junho, embora possam existir pequenas concentrações ao longo de todo o ano (Poa annua). Apesar de todas as gramíneas serem semelhantes em termos de carga alergénica, existem variações significativas segundo a espécie. As mais importantes na Espanha seca continental e na área mediterrânica são a Trisetum paniceum (Aveia amarela), Dactylis glomerata (Dáctilo, erva-dos-combos), Cynodon dactylon (Erva comum) y Lolium perenne (Azevém, erva-castelhana). Pelas caraterísticas do pólen recolhido pelos captadores de Madrid e da zona centro de Espanha, bem como pela distribuição da planta, consideramos que Trisetum paniceum é a principal gramínea de interesse alergológico no Centro peninsular. De facto, o logótipo da Inmunotek simboliza a planta de Trisetum associada ao seu pólen, descrito pelo seu importante interesse alergológico em 1987 pelo Prof. Dr. Javier Subiza. Existem outras espécies de gramíneas importantes em zonas mais húmidas e vales, como o Phleum pratense (Rabo-de-gato, erva-timótia), mais comum na Cordilheira Cantábrica, Galiza e sobretudo no Centro e Norte da Europa. O pólen dos cereais (trigo, centeio, aveia) é de uma dimensão muito maior do que o das gramíneas selvagens, pelo que dificilmente chega às cidades e núcleos urbanos.
O que é a febre do feno?
É um sinónimo de rinoconjuntivite sazonal ou polinica, e é um termo muito popular na medicina anglo-saxónica. O termo (Hay fever) foi criado em 1825 em Inglaterra pelo Dr. Bostock para descrever os catarros estivais apresentados por alguns doentes nos meses de junho-julho coincidindo com o corte e armazenamento do feno (Hay) nas quintas. Estes «catarros» que apesar do seu nome ocorriam sem «febre» foram mais tarde relacionados com o pólen pelo Dr. Blackley, em 1873, com grande ceticismo por parte dos seus colegas. No início do século XX, o médico alemão, Dr. Dunbar, confirmou a teoria de Blackley, através da realização de provocações nasais com o pólen de gramíneas em doentes alérgicos.
Para que é que servem as contagens de pólen?
As plantas polinizam na estação em que as suas flores amadurecem. São períodos bem definidos (por exemplo, maio-junho para gramíneas, janeiro-fevereiro para cupressáceas) embora variem em intensidade segundo a época do ano. Estas variações durante o ano dependem de fatores climáticos e dão lugar a diferentes de concentração de pólen no ar muito significativas. Também ocorrem variações diárias em função da orientação dos ventos, tempestades, etc. Como a concentração de pólen no ar está relacionada diretamente com a intensidade dos sintomas, é muito útil para o doente aceder a este tipo de informações. Ao saber os níveis de pólen aos quais estamos expostos, podemos aumentar ou diminuir as medidas preventivas. Existem captadores de pólen nas cidades mais importantes que oferecem estas informações diariamente (www.polenes.com).
O que é a alergia aos ácaros?
Os ácaros microscópicos do pó doméstico são muito alergénicos. Os principais são da espécie Dermatophagoides (D. pteronnyssinus e D. farinae) na Europa e América do Norte. O seu nome deve-se ao facto de se alimentarem dos restos de pele humana (phagos do grego «que come») que é libertada constantemente com a descamação. São por isso muito comuns nos colchões e almofadas, caso as condições ambientais sejam adequadas para o seu desenvolvimento: humidade relativa superior a 55 % e temperatura amena. Estas condições ocorrem em Espanha sobretudo em zonas costeiras. Os ácaros e os seus restos mortais, especialmente as fezes, são muito alergénicos. Causam sintomas nos doentes alérgicos quando com a respiração, entram nas fossas nasais e nos brônquios causando rinite e asma brônquica.
O que é alergia ao pó?
O pó doméstico é uma mistura heterogénea de restos de substâncias em maior ou menor grau de decomposição. Entre elas há compostos orgânicos com alta capacidade alergénica, principalmente ácaros da espécie Dermatophagoides, epitélios de animais domésticos (gatos), insetos (baratas), etc. A alergia causada pelo pó é, por isso, devida aos alergénios que contém, que ao serem transportados pelo ar causam sintomas nas vias respiratórias e nos olhos.
O que é a alergia aos fungos?
Os fungos são seres vivos microscópicos, que não têm clorofila (o pigmento que dá a cor verde às plantas), crescem em filamentos ramificados que se chamam micélios e reproduzem-se por esporos. Quando vemos um pedaço de pão bolorento estamos a ver os micélios de um fungo (geralmente o Penicilium), embora aquilo que condiciona os sintomas de alergia sejam, principalmente, os esporos que correspondem àquilo que seriam as sementes das plantas. Os esporos são muito pequenos e leves e por isso podem ser transportados pelo vento a longas distâncias. Os fungos podem crescer no interior das casas ou no exterior. Podem desenvolver-se em ambientes húmidos e com temperaturas amenas. No exterior costumam acumular-se onde exista matéria orgânica em decomposição, folhas, etc.
O que é a alergia aos himenópteros?
É aquela que ocorre perante uma picada de vespas ou abelhas (himenópteros). Cerca de 800 000 pessoas são alérgicas ao veneno destes insetos em Espanha com cerca de 5-20 mortes por ano, o que é particularmente lamentável visto que estes doentes podem ser tratados com uma vacina.
As reações à picada podem variar em intensidade:
- Reação local leve: dor, comichão, enrubescimento e inchaço no local da picada que costuma permanecer 24 horas, apesar de às vezes poder persistir e aumentar de dimensão. É uma reação sem importância do ponto de vista alergológico.
- Reação local grave: reação local ampla (por exemplo, picada num dedo com reação até ao cotovelo) que atinge o seu pico passadas 24-48 horas, com um diâmetro superior a 10 cm e costuma durar vários dias.
- Reação generalizada: pode variar desde um quadro de urticária (reação extensiva na pele com vermelhidão, comichão e formação de erupções cutâneas), e angioedema (inchaço e edema longe do local da picada, por exemplo, de lábios ou pálpebras), até quadros mais graves com patologias do aparelho digestivo (dores abdominais, diarreia, vómitos, etc.), dificuldade respiratória, rouquidão, hipotensão e perda de conhecimento (choque anafilático). Requerem um tratamento imediato com adrenalina.
O que é a imunoterapia?
É o tratamento com vacinas feitas à medida do doente alérgico, já que contêm os alérgenos que lhe causam os sintomas. A imunoterapia tem por objetivo diminuir o grau de sensibilidade (hipo sensibilização) do doente. A administração de imunoterapia implica a realização de um diagnóstico preciso dos alergénios aos quais se é alérgico.
O que é o choque (shock) anafilático?
É a reação alérgica mais grave. Felizmente acontece em poucas ocasiões, mas quando ocorre requer uma atenção imediata. Produz-se quando o alergeno entra na circulação sanguínea e se espalha rapidamente por todo o organismo. O que pode acontecer em determinadas alergias alimentares ou quando o alergeno entra no organismo por inoculação (alergia a picadas de himenópteros, medicamentos injetáveis, vacinas).
O doente que sofre um choque anafilático tem dificuldade em respirar, a pulsação enfraquece e a tensão arterial cai a pique. É uma reação muito rápida que ocorre passados alguns minutos da entrada do alergeno no organismo. É uma situação de perigo extremo na ausência de tratamento, mas que se resolve de forma satisfatória através da injeção de adrenalina. Os doentes em risco de sofrer reações anafiláticas acidentais (por exemplo, alérgicos a himenópteros) devem ter sempre consigo adrenalina auto-injetável.